Fim de Semana Com Chuva
Vou “dá” uma olhada no tempo pra ver se a chuva amansou
Pois anda o meu pensamento no fundo de um corredor
Vai se achegando à porteira com ganas que eu bem queria
E as léguas que eu venceria pra rever o meu amor
Fim de semana com chuva; te juro, ninguém merece
Porque a paixão recrudesce e aperta o coração
Eu me repreendo, me inquieto e me paro incomodado
Um liberto, enclausurado, prisioneiro no galpão
Mirei ao longe o horizonte. Vai demorar a estiada
Fez tempo bom até ontem quando a festa foi marcada
Pra um campeiro é tradição tiro de laço ou rodeio
E até quem ia a passeio desistiu da empreitada
Fim de semana com chuva; te juro, ninguém merece.
Porque o índio não esquece o anseio do coração
“Eu me repreendo, me inquieto”. Perdi a festa campeira
“Me restou a fumaceira”. Prisioneiro no galpão
A chuva forte é resmungo. Uníssono estado d´alma
Que até pra ir a um surungo há que se pensar com calma
A bota, o chapéu encharca e o que o poncho cobria
Tem cheiro da montaria e a cor das rédeas nas palmas
Fim de semana com chuva; te juro, ninguém merece
E o sonho se desvanece, bate triste o coração
“Eu me repreendo, me inquieto”. Restou a noite em milonga
E a incerteza que assombra um prisioneiro no galpão
Até pra passear com a prenda, numa volta pelo povo
“Me distanciar” da fazenda e cevar um mate novo
A chuva faz atrapalho, melhor é ficar em casa
Só o pensamento tem asas, pois daqui não me removo
Fim de semana com chuva; te juro, ninguém merece
Nem que o taura faça prece pra acalmar o coração
Eu me repreendo, me inquieto. Queria matear na praça
Fiquei como tralhas ou traças, prisioneiro no galpão