Cavalo Enxuto (part. Rionegro e Solimões e Gilberto e Gilmar)
Eu tenho um vizinho rico
Fazendeiro endinheirado
Não anda mais a cavalo
Só compra carro importado
Eu conservo a minha tropa
O meu cavalo ensinado
O fazendeiro moderno
Só me chama de quadrado
Namoramos a mesma moca
Veja só o resultado
Um dia a moca falou
Pra não haver discussão
Vamos fazer uma aposta
A corrida da paixão
Granfino corre no carro
Você no seu alazão
Eu vou pra minha fazenda
Esperar la no porta-o
Quem dos dois chegar primeiro
Vai ganhar meu coração
Ele calibrou os pneus
Apertou bem as arruelas
Eu ferrei o meu cavalo
Que tem asas nas canelas
O granfino entrou no carro
Pulei em cima da sela
Ele funcionou o motor
E fechou as quatro janelas
Chamei o macho na espora
Bem por baixo das costelas
Eu entrei pelos atalhos
Pulando cerca e pinguela
Quando terminou o asfalto
Ele entro numa esparrela
Numa estrada boiadeira
Toda cheia de cancela
Cheguei no porta-o primeiro
Dei um beijo na donzela
Quando o granfino chegou
Eu já estava nos bracos dela
O progresso e coisa boa
Reconheço e não discuto
Mas aqui no meu sertão
Meu cavalo e absoluto
Foi Deus e a natureza
Que criou esse produto
Essa vitória foi minha
E do meu cavalo enxuto
A menina hoje vive
Nos bracos deste matuto