Cantar Brejeiro
Passei de largo
Para ver se não te via
Se me esquecia
Do teu doce papudeio
Mas por má sorte
Caminhaste para mim
Olhos gulosos assim
Com o tempo a mudar teu seio
Olha a perninha,
A perninha da menina
Olha a perninha,
A perninha a dar a dar
Cabeça não tem juízo,
A perna é que vai pagar
Amor de verão
Que vem no tempo das colheitas
E o teu perfume
Tinha a naturalidade
De quem descansa
Dos trabalhos e maleitas
Dos degrisos mais gostosos
De uma aberta mocidade
Olha a perninha,
A perninha da menina
Olha a perninha,
A perninha a dar a dar
Cabeça não tem juízo,
A perna é que vai pagar
Mas da seara
Cortada fez-se farinha
Dessa farinha
Com fermento fiz o pão
Ficou-me ao peito
Essa trigueira rainha
Que me roubou a alegria
Ao meu grande coração
Olha a perninha,
A perninha da menina
Olha a perninha,
A perninha a dar a dar
Cabeça não tem juízo,
A perna é que vai pagar