Maria Montanha
Pedro Barroso
Maria Montanha
Não tem alegria
E veste de negro
De noite e de dia
Que a vida não corre
Como pertencia
E vive consigo
Remoendo o mundo
E fica sozinha
Escrevendo e cismando
Pois nada acontece
Nem onde nem quando
Maria Montanha
Recusa de amor
Reclusa no tempo
Que o templo da vida
Nunca acontecida
Lhe causa estupor
E à noite, secreta,
Recomeça tudo
E avança para o escuro
E sobe à montanha
Cabelos ao vento
Boca de veludo
E sonha com o mundo
Diferente e distante
Que nunca haverá
Recitando ao vento
As canções do amante
Que nunca ousará
Maria Montanha
Maria distante
Maria mulher
Vestida de negro
De negro vestida
Para lá de Amarante