Charla de Galpão
Quando a noitinha vem chegando, despacito
Chia a cambona junto ao fogo de chão
Então a indiada vai sentando sobre as garras
Pra desfiarem suas charlas no galpão
Mate cevado, erva buena da palmeira
Que só se encontra no bolicho do candinho
E a cuscada ao redor, fazendo alarde
Peleia armada por um naco de toucinho
Prosa que vai, prosa que vem, diz o bochecha
Que a negra dina já pegou cria de novo
Corre boato pelas voltas na estância
Que deve ser de algum mocito lá do povo
Olha o puchero, olha o mogango com leite
Grita o marreco lá da porta da cozinha
Depois da bóia é dormir sobre os pelegos
Pra começar tudo outra vez de manhãzinha
E o cacunda vai contando pra peonada
Do tombo feio que levou do colorado
Planchou-se inteiro quando estava velhaqueando
Contra um arame, quase lhe mata apertado
O belizário também entra no assunto
E diz que o posto bem no fundo está vazio
Pede pro neco que ali solte o retalhado
Junto das éguas pra colocá-las no cio