Gaúcho Doble Chapa
Sou fronteirista lá da costa do uruguai
E herdei do pai do meu pai esse oficio de gaiteiro
Nasci bufando nem sei mesmo de que lado
Pois quando tou emburrado sesteio num formigueiro
Gosto de rinha, de truco, tava e carreira
Caso escute uma vaneira, num surungo se guasqueando
Lembro das marcas que ouvia quando moço
Saio cruzando o pescoço mesmo que peru peleando
Soy doble chapa meio touro, meio galo
Fui parido de a cavalo entre Santana e Rivera
Levo na guela a voz das pátrias hermanas
Alma cruda e paysana de gaúcho da fronteira
Toco cordeona, lido com potro e guitarra
Sou perito numa farra dessa de tasca ordinária
Cheio de china debochada e arrabalera
Más floreada que rancheira de cego de rodoviária
Café pra louco não precisa muito açúcar
Tapeio o chapéu na nuca e quando ouço o estampido
Acho que o mundo não era mundo amigaço
Tinha faltado um pedaço se eu não tivesse nascido
Levo minha vida bem como Deus determina
Botando feitiço em china e tosando macho a facão
Gosto de ver meu Paysandú estralando
E esta gaitita relinchando num surungo de galpão
Peço pra Deus que mais uns anos encordoe
Lá de riba me abençoe me alcançando o que eu mereça
Que o mundo velho pra quem já viveu bastante
Às vezes fica repugnante que nem caldo de cabeça