Na Invernada da Palmeira

Fabiano Bacchieri / Marcio Nunes Correa

Poncho negro sobre os ombros, chapeu de aba caida
No breu da tarde comprida, tropa o tranco da canhada
A chuva guasqueando firme, desfrauda a franja do mouro
e o vento fareja couro no lombo liso da estrada

Baio encerado escarciano a poderado de milho
num toso de cogotilho, quatro galhos no sabugo
uma tordilha cabana que veio lá da fronteira,
e um cusco baio coleira pra o caso de algum refugo
e um cusco baio coleira... pra o caso de algum refugo

terneiradas embuadas, desmamada ainda ontem
segue os gritos de repontes, pontiando tonta no passo
se vai a tarde a la cria, e a noite vem na bolada
na porteira da invernada a tropa indireita o rastro
na porteira da invernada... a tropa indireita o rastro

Contra as patas dos cavalos, uma lebre erra o bote
no cogote da coxilha um raio leva o bolcado
e um pingo que é uma balança se renega e escarceia
para a coruja que floreia numa trama do alambrado

Sao nessas rondas sem lua que o tropeiro perde o sono,
nos pedidos de retorno pelos berros dos terneiros
repassando enfurquilhado, em cada mel da barbela
alegrias e mazelas que tropeou pelos janeiros
alegrias e mazelas... que tropeou pelos janeiros

com uma noite por sinuelo, e o rio grande na moldura
o pastiçal faz figura, bailando varzedo a fora
enquanto o dia nao chega, a sinueta da palmeira
lembrando a cruz missioneira, velando o tranquear das horas
lembra uma cruz missioneira...velando o tranquear das horas

..velando o tranquear das horas
..a tropa indireita o rastro
..velando o tranquear das horas
..a tropa indireita o rastro

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