Deusa de Cordas
Sonora madeira, prece rude entre cabrestos
Soluça recuerdos decifrados em segredos
Limite traçado por dois pontos cardeais
Compondo buçais, na orquestração dos meus dedos
Sonora madeira, quando recorro a presilha
Afino as rendilhas em teu corpo de alma santa
Linguagem dos matos, transpondo a voz natural
Se tornando imortal, cruz no peito de quem canta
És Deusa de cordas da presilha ao fiador
Por ti me fiz cantor ao dar sentido e razão
Entregue em minhas mãos por ter alma e vida plena
Que a presilha te condena a ficar junto ao coração
Sonora madeira, tens o espírito moreno
Cordas de sereno, todas de alma estendida
Nos claros de argola do fiador fui entender
Que o bordão deve ser um cabresto que tem vida
Do fiador à presilha, mora uma Deusa de cordas
Da ternura que ela acorda nasceu um feitiço antigo
Explico a saudade quando em teu corpo se agarra
É minha alma, guitarra! Que ficou presa contigo