Aguente isso ou vitimismo

Até quando fala pra mim
Que meu corpo vai brilhar
As chances de me ver na tela
É em estatística de tragédia
Nem vou por número nesta
Já cantei sobre estatística
Tragédia no dia a dia
É a fome a espreita
Geral já me julgou, lembra
Quando eu falei do pavê
Baixou a qualidade
Cê só fez isso por hype
Falei de mortalidade
Disse não de forma alegre
Coisa que Paty não entende
Porque não vive na pele
Lavei pele com sangue
Vesti minha coragem
O meu ódio é pela causa
Não pela mortalidade
Entrar nos teus ouvidos
É sempre o mesmo motivo
Era preta, feminina e por isso levou tiro
Seja mais compassivo
Faça interpretação
Tiro entra no meu corpo
Quando cê tenta passar mão
Quando solta um fiufiu
Não me deixa andar na rua
Shorts, tênis e camiseta
Pra esses pela eu tô nua
Fujo de olhar nojento
Beco já me causou medo
O corre das notas
Não é por luxo, é por sossego
A oportunidade vem da força de vontade
Quando me disseram não
Refiz minha sagacidade
Campinas minha cidade
Ruas que me causam calos
Minha pele o maior índice de violência em São Paulo
É sempre um estalo
Entre o sucesso e o fracasso
Mas ao menos se fracassar
Não vai ser por falta de esforço
Sonhos no fundo do poço
Morte diariamente
De dia mente escurece
E de noite é fluorescente
Eterna noites a dentro
No quarto ou na cidade
A diferença é que na city
É possível que não volte
É possível que eu não volte
É possível que eu não volte
É possível que eu não volte
Por tanto canto denúncia
Às quedas faço renúncia
Posso rimar em qualquer base
Que vai ser sobre vivência
Sinto por mente pequena
Não entende a experiência
No funk, no brega ou no rap
Eu vou ter vivido a letra
É que eu me salvo na caneta
E faço pra salvar também
Quando não for pra salvar
Não vai tá mais valendo a pena
Quando não for mais pra salvar
Não vai tá mais valendo a pena
Trás o menor, chama pra cena
Quando não for mais pra salvar
Não vai tá mais valendo a pena