A Nêga
Ouvindo Masego tá sossego enquanto o tempo passa
Fone no ouvido na varanda e cerveja na taça
Pensando nos sonho que eu tenho e o cartão não passa
A mente segue limpa e o nome sujo na praça
Suja que nem você quando me olha com essa cara
Usando aquela calcinha que eu te dei
Eu gosto de dar presente e de curtir o presente
E é por isso que quando você me deu, eu não me dei
Privilegiado como quem nasce com o nome Smith
Ela tá tipo a Willow ou Jorja
Aqui pouco vacilo
Por isso tô tranquilo
Me perguntando onde ela aprendeu aquilo
Se amor é fogo, então bora esquentar
E se ele é líquido, me deixa beber
A mesma boca xinga, chupa e ama, bem-te-quero
Eu beijo a flor e louvo-a-Deus
E amo me contradizer
Sussurra no ouvido em cima que embaixo umedece
A mão na barriga desce, queria que me desse
Melanina prevalece, sem estresse, têga
Fortalece a nêga, fortalece, a nega fortalece
E ela gosta do meu sorriso e eu nem boto fé
Mas ela insiste tanto que até boto fé, né
Espelho, espelho meu, é minha preta sem neve
71, mas não tem bruxa
Nosso conto nós escreve
Não vê bicho, não tem medo
Essa história eu te conto no dedo
Ou via oral se preferir
Cê já sabe o enredo e eu já sei o teu segredo
Repetindo desde cedo, mas conta de novo aí
Tá no corre, amor preto não é faz de conta
Tá mais pra de fazer conta
E ver se sobra uma ponta, dar uma volta
Te aviso quando chegar, me avisa também
Porque preto sabe que sai mas não sabe se volta
Preto no preto, aqui não tem xadrez
O tabuleiro é da baiana, ela que dita as leis
Nós gastando energia com a luz apagada
Cê me chama de gato e a Coelba fica ligada
E o suor que molha o corpo que já tava molhado
É tipo chover no molhado
E a irrigação que deixa o campo no ponto, é um ritual sagrado
É tipo beijar o gramado, né não?
Sussurra no ouvido em cima que embaixo umedece
A mão na barriga desce, queria que me desse
Melanina prevalece, sem estresse, têga
Fortalece a nêga, fortalece, a nega fortalece