Prisma
Eu sou um objeto paralisado
Às vezes vem alguém e toca no meu corpo
Me acha frio, me acha escroto
Não faço tanto e nem tão pouco
Pareço um prisma, sou quase oco
Em cada ponta um brilho fosco
Como a visão de um louco
Eu sou um objeto empoeirado
Às vezes vem alguém e passa um pano em mim
Eu sou reflexo enviesado
Alguns me acham abençoado
Em cada sombra um condenado
Eu não sou santo e nem diabo
Mas sempre estarei do lado do teu incenso, do teu cigarro
De um jeito ou de outro, você vai me ver
Já que eu não posso sair daqui
Talvez eu possa cair
Se alguém me acotovelar e a minha base se deslocar
Aí eu vou mergulhar… e no teu chão me fundir
Aí eu vou mergulhar… esse será o meu fim
Andava, como num deserto, escutando uma única voz
Estava com fome, estava com sede
Você me olha, faz pouco caso de mim
E só confia no seu olho
E sempre estarei do lado do teu incenso, do teu cigarro
De um jeito ou de outro, você vai me ver