Adamastor

Gabriel Marinho, Vinicius Terra, Paulo Canuto

Um fado novo, um rap antigo, um vinho velho
Garrafas com mensagens que eu não desprezo!
Guanabara, mar adentro, Rio Tejo / Falhas nas folhas falsas desse evangelho...
Eu: direto de um laico estado crítico, onde: / Extraem capital do espírito
Onde o voto é um vazio mítico! / Monte fardo, cego lado, alimento para o lírico...
Vai vendo! O que não é complicado é complexo
Fim do léxico, fatos fakes, falta nexo / Vários séculos, aguenta o baque!
Nação edificada: sucessivo saque / Golpe, destaque, morte, recalque!
Mal do Mundo, Mal dos Trópicos: desfalque!
Emburrecimento da massa / Misto de interesse, raça
E assim nascemos: flor-de-lótus na lama da desgraça!
Mas isso aqui... É pela aurora dos velhos tempos
Porque assim cada Cabo da Tormenta se dobra! (Boa Esperança)
Cobra-se a cada momento... Já que a poesia é um caminho sem volta (sente)
Rara rima. Arte que a areia leve enterre / Somos frágeis porque a vida é breve
No trânsito ácido das cidades / Transito plácido, afinal, sonhar é grátis
E se o mar é a nossa grande prisão / A Terra seria liberdade, mas há maldade nesse chão
Então mergulhei na língua crua de um destino incerto
Naveguei tão longe a ponto de não enxergar... (cegos)
Vi um oceano azul, eles só viram deserto / Apenas fui, ponte ergui, difícil de acreditar
Era quântico o romântico cântico, mas ainda hoje:
Somos versos que atravessam o Atlântico! (Sempre)

Porque no fundo é só o mar, somente o mar
Que nos engole quando desejar, quando bem quiser
Convide-o para jantar... Fale de sua fé, mas não esqueça que ele veio te buscar!
Enquanto formos livres nessa Terra cantaremos a prisão como laços da travessia
Inventaremos uma Epopeia com o título: “Pra Lusofonia Nasce Um Novo Dia”!

Numa ponta de oceano qualquer... Na insignificância de qualquer sítio
Observando a ousadia dos pássaros, no meio do caos, na beira do cais...
E pensando em aproximar distantes... É o exato momento em que a gente para:
Fecha os olhos, respira fundo... E mergulha pra dentro de si mesmo...
E se o nosso coração é um coquetel molotov, a gente cria coragem pra hackear tudo
Absolutamente tudo aquilo que foi negado, tudo que omitido, tudo o que nos foi roubado!
E na Era da Pós-verdade, Adamastor que nos aguarde...
A inversão das marés é questão de tempo...
Porque palavras podem confundir-se ao vento, porém, também são de quem as ouve
Logo... metade...

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