Eles Falam Quando Deveriam Ouvir

Dillo D'Araujo / Heitor Valente / Viela 17

Não é nossa culpa, nascemos com uma bênção
Mais isso não é desculpa, pela má distribuição

Temos crack na esquina, mãe chorando na vila
Temos morte, desgraça, a caneta que finda
Terno veste um cadáver e a agonia consome
Mas não falho o discurso, chuto ratos ao longe
Tenho dó, de quem plantou o flagrante moleque
Morte ao povo negro, o povo pardo, silêncio pivete
Sem direito declamam, desespero por grana
O sistema avisa, tem propina e piranha
Quem adere a conceitos, por migalha se mata
O seu voto define, quem se safa ou paga
Errou, admitiu a vera todo preconceito
Não tem boi favela, tome tiro no próprio joelho
O velório prossegue, cobra sempre no bote
Faz de conta que soma, subtrai no rebote
Povo pena nas ruas, noite escura adentro
Põe derrota no prato, entre tantos lamentos

E cadê a esmola, que nos damos sem perceber
Que aquele abençoado, poderia ter sido você

Somos poucos pra eles, maioria agoniza
O barraco na encosta, aqui jaz a família
Tem esgoto na rede de TV, só descaso
Tira foto pilantra, põe sua vida no ralo
Álcool, droga, vadia, tá de boa quadrilha
Extermínio de jovens, a polícia avisa
Quem cair tá fudido, aço corta a vida
Tem escolas vazias, tudo certo família
O fedor que consome, somos podres pra eles
Voto vale o que come, porra traga mais redes
O cansaço intima, mas cachaça, mais briga
Os moleque na rima, outra quadra na mira
A seguir cemitério, futuro detonado
Segue a vida, vai capengando o finado
A navalha que corta a carne, pacto de sangue
Quanto mais miséria, os burgueses renova o levante

Não é nossa culpa, nascemos com uma bênção
Mais isso não é desculpa, pela má distribuição

Nos colocaram pra escolher entre a fome e o crime
Optamos pela guerrilha, a resistência sobrevive
Traz motivação que nos inspira a ser melhor
A lágrima de uma mãe que chora fala por si só
Estudo e militância infelizmente é exceção
A revolta da minha gente, é fruto da sua exclusão
Do seu padrão que nos mantém no subemprego
Senhores de engenho ainda exploram nosso povo negro
Denúncia mermo, rabo preso com ninguém
Justiça no Brasil é puta, e enxerga muito bem
Prospera no vintém que compra voto e vaidade
Subornam seus capachos, mas não compra nossa integridade
Seja a verdade, no rap pras quebrada
Que haja colete pra tanta prova de bala
Parlamentar corrupção favela indignada
Até quando esperar e ajoelhar-se em troco de nada?

E cadê a esmola, que nos damos sem perceber
Que aquele abençoado, poderia ter sido você

Curiosità sulla canzone Eles Falam Quando Deveriam Ouvir di Viela 17

Chi ha composto la canzone “Eles Falam Quando Deveriam Ouvir” di di Viela 17?
La canzone “Eles Falam Quando Deveriam Ouvir” di di Viela 17 è stata composta da Dillo D'Araujo, Heitor Valente, e Viela 17.

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