A Cidade
Quando abrem os sinais e os carros rasgam a avenida
O barulho ensurdecedor da máquina que cala os nossos dias
Torna tudo tão duro, tão impossível de se ver
As grades, os muros, prédios altos de concreto imundo
Nos distanciam de nós mesmos e dos outros tão rapidamente
E a noite quando a luz se vai
Em cada esquina espreita o medo
E nos tornamos todos suspeitos
Os noticiários, os jornais e as revistas
Repetem todos os dias
Os caminhos estão lá pra quem quiser trilhar
Ganhar muito dinheiro e vencer na vida
Mas convenientemente esquecem de dizer que
Nem a todos se apresenta o mesmo ponto de partida
E que quem se submete a essa servidão
Aos olhos do mercado não passa de mercadoria
E que só é possível essa ilusão as custas de algumas
Centenas de milhares de vidas
Que só vemos em manchetes tendenciosas
Que assumem nas entrelinhas
Que o bem-estar de poucos não seria possível sem essa covardia