Herança
Sou rancho beira de estrada, feito de leiva e capim,
Com notas de uma esperança na garganta de um clarim
(Sou alma do peão de estância, cantando dentro de mim.) Bis
Sou sobra de muitas guerras, sou pátria da cor dos panos,
Sou flete que traz pasteiras e arreios republicanos.
(Sou vento, chuva e mormaço, sou cerne de muitos anos.)Bis
Sou grito do quero-quero, ronda de muitas manhãs,
Na fralda de alguma várzea, sou garganta dos tajãs,
(Sou noite de pirilampos, sou canto triste das rãs.) Bis
Sou ringido de cancela na beira do corredor,
Sou peão repontando a tropa no estalo do arreador,
(Sou mão que joga e que canta seus trinta e oito de flor.) Bis
Sou pregão de quitandeiro vendendo doce e pastel,
Sou mugido de boi manso, sou relincho, sou tropel,
(Sou sino dos Sete Povos nas torres de São Miguel.) Bis
Sou velho Uruguai, batismo de muita lança e fuzil,
De longas melenas brancas, ora manso, ora hostil,
(Pedaço de céu tranqueando entre Argentina e Brasil.) Bis