Samba do Vacilante (Que Pensa Que É Gigante)

Gustavo Nobio

Há fulanos que falam que são malandros só por que têm um "oitão" com muita bala
O malandro de verdade curte a vida desarmado e não cava a sua vala
De calça "jeans" ou alinhado, de tênis ou de sapato, onde chega é bem tratado
Sempre querido e respeitado, tem presença, fala bem pois é um cara denodado


Andando em grupo ou sozinho, vai em frente pela sombra com a consciência limpa
Não deve nada a ninguém, é gente boa e seu jogo de cintura é "supimpa"
É modesto quando fala, procedendo como homem não se achando o batuta
Sujeito original, dispensa a farsa e o uso de uma máscara fajuta


Malandro inconseqüente e vacilante que na área abusa da valentia
Deita mais cedo no sereno sem lençol ou travesseiro e não acorda noutro dia


Ô malandro, o quê que há?/O que faz você pensar/Que pode se agigantar/A fim de nos esmagar?
Ô malandro, assim não dá/Se coloque em seu lugar/Você pode se estrepar/Ao querer, todos peitar


Atenção meu "cumpádi" se você faz barulho sem necessidade
Toda mãe derrama prantos e lamenta ao perder o filho em tenra idade
Que malandrice é essa que coloca o próprio corpo exposto ao envenenamento
Se reduzindo a um farrapo só por causa do efeito de um químico contento


Quem é malandro se adianta, vai veloz e nunca deixa na carência a sua amada
Para brigar com desafetos ou ficar falando asneira em meio a rapaziada
Ganhar no grito difamando com injúrias tão cruéis só alimenta o rancor
Modo de agir de alguém mal resolvido, infeliz, sem pundonor


Malandragem de verdade dá nó cego em pingo d`água e mantém tudo "firmeza"
Ao invés de fazer cara de mau, é melhor raciocinar e ter... destreza


Ô malandro, o quê que há?/O que faz você pensar/Que pode se agigantar/A fim de nos esmagar?
Ô malandro, assim não dá/Se coloque em seu lugar/Você pode se estrepar/Ao querer, todos peitar


A vida apesar de muita dura é tão bela pra abusármos tanto dela
Reclame menos, lute mais para encontrar o aconchego desviando da mazela
Mais vale um sentimento de pureza à uma compulsiva fome de consumo
Ser incondicional e verdadeiro com pessoas tão carentes sem o "sumo"


Mesmo sendo tu um malandro "bunda suja" ou malandro d`alta roda
O ciclo natural detém os galhos tão selvagens ao executar a poda
A minha munição é uma caneta entre os dedos e uma idéia alucinante
Lapido as palavras e transformo a poesia ritmada em diamante


Tô acordado, observando em seguida musicando, cuidadoso e tô ligado!
Como o sol que aquece todo dia o distinto e o execrado


Ô malandro, o quê que há? O que faz você pensar Que pode se agigantar A fim de nos esmagar?
Ô malandro, assim não dá Se coloque em seu lugar Você pode se estrepar Ao querer, todos peitar

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