Terra à Vista
[Intro: Spock]
Terra à vista!
[Verso 1]
Podes abrir essa mala
Se trouxe tantas palavras
Atravessaremos água
Içarás as minhas barras!
Não sou capitão de barbas
E chapéus só escondem caras
Venho para falar às faunas
Estas são as nossas armas
Passaremos pelas frotas
Dando voltas
Sem canhões
Trouxemos rimas e notas
São bastantes provisões
Conversas serão laçadas
Conforme a ondulação
E cordas serão lançadas
Águas mais calmas virão
Prendamos então amarras!
Esta é a nossa praia
Vim salgada e balançada
Por esta AKAI, guiada
O talento para remá-la
Guiou-me pela alvorada
Traz a bonança na palma
Uma calma que me embala
Até o pequeno grão de areia
Viaja pela maré cheia
Um dia por fim
Irá se cimentar
Prеfiro virar sereia
Desviar-mе das traineiras
E sentir-me um pouco mais elementar
Esta vida é por acaso
E se não usares o Casio
Estarás ou não em atraso para singrar?
Mas o rumo não se força
E a palavra demora
Onde o rio fica mais raso
Não há espaço para velar
Na ida olvidei o tempo
Viveremos o momento!
O tempo não está correcto
Quando há vento a empurrar
Daremos a volta ao mundo
Sem circular no seguro
Com o olhar no profundo
Para encontrar
Uma luz depois do escuro
Numa canoa com furos
Não foi sem fazer de tudo
Que deu para atravessar
Lembras-te desse mergulho
Em que me viste no fundo?
Socorrida por assuntos
Trazes-me para respirar
É submersa que me curo
Lanço-me e então borbulho
O mar trouxe-me de tudo
(Vou de bruços procurar)
No barco havia de tudo
Este é um porto seguro
E bastou só um segundo
Para ver-vos embarcar
E jamais ancoraremos
Segue-se a eternidade
Os mares não serão os mesmos
Remos contra a tempestade!
Vim contar-te o meu segredo:
Aqui posso libertar-me
Porque já não morro à sede
E terei toda esta água para levar-me
E terás toda esta água para lavar-te
E faremos desta barca a nossa Arte
Neste dia, a horas de aguarela escorrida, avistámos terra
Mandei lançar o prumo
Poucas braças faltavam para fundear
Ao anoitecer, ancoragem limpa
À roça!
De todos aqueles que estavam a bordo
Foram alguns dos membros da Tripulação
Que num tom poético engarrafaram a sua mensagem
Lançando-a à linha do horizonte
Numa infinita viagem até ao alcance
Na aurora seguinte
O hábil primeiro oficial anuncia ventos de feição
Sem dor de querer ficar, levantámos ferro
E seguimos num cambalear
Rítmico em que aprumamos as vontades
No rumo ao desejo de destino
À garra!
[Outro]
Securité! Securité! Securité!
Daqui
Assim como vai, assim como vai, assim como vai
Posição 21 milhas, sudoeste da foz do tejo
Avisto contentor à deriva
Alerta a toda a navegação!
Fico à escuta no canal 16
Escuto