Só a Poesia Salva
Aquela menina, faz jejum intermitente
Mas não é por opção
A outra menina, votou nesse presidente
Pra melhorar a nação
A nação do seu planeta
Quatro quartos, três suítes
E justo o seu não é não
Aquela menina
Carrega a bolsa nas costas
Vai pra universidade
Tá esperando o busão
A outra menina
Pensa que o peso da bolsa
Reflete nas suas costas
Demonstra indignação
Bolsas, cotas, absurdo
Papai, é o fim do mundo
É uma esculhambação
Ê, ê, ê, ê, ê, ê
Falta entender o significado
Da palavra empatia
E praticar o significado
Da palavra simpatia
A diferença não é só de classes
O que se diferencia
É a inteligência de saber ter classe
E o olhar de poesia
Ê, ê, ê, ê, ê, ê
Ela lendo poemas de Beiriz
No percurso diário dessa selva
Ela sabe que a poesia salva
Ela enxerga luz no fim da treva
Entende que o patriarcado trava
Toda menina que não se atreva
No terreno onde sua enxada cava
Ela tem que tirar muito mais pedra
E assim vai devorando palavras
Sendo mais que exceção
Quebrando a regra
Ê, ê, ê, ê, ê, ê
Aquela menina