Martelo Agalopado

Jonathas Pereira Falcão

Entre o véu da fumaça que respiro
Bebo minha cachaça, eu que me fira
No açoite, saudade que se estira
Pela noite de festa me atiro
Disse que me detesta, foi um tiro
Era a prova de chumbo a minha capa
Disse que não me ama, foi um tapa
Pra marcar no meu rosto a minha dor
Mato o tempo matando o meu amor
Pelos bares onde a razão me escapa

Esse desejo que hoje me machuca
Já usei pra deixá-la muito louca
Pus a língua dentro de sua boca
Lambuzei de saliva a sua nuca
Antes de me deixar lelé da cuca
Do meu corpo ela copiou o mapa
Depois que nossa história virou papa
Não largo o meu mingau viajador
Mato o tempo matando o meu amor
Pelos bares onde a razão me escapa

Desde o dia em que eu a perdi de vista
Que ela disse se vista e vá 'simbora'
Que eu vago pela madrugada afora
Com meus passos de errante equilibrista
Ela tirou o meu nome da lista
Minha vida desceu pela caçapa
Me camuflo nos cortiços da lapa
Pra esconder da manhã a minha cor
Mato o tempo matando o meu amor
Pelos bares onde a razão me escapa

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