Pitanga
Morava sem muito luxo
Quase na beira da sanga
Era vizinha da tuna
Do cardo e da japecanga
E tinha por seu costume
Adoçar simples desejos
Pois quando um homem passava
Na boca lhe dava um beijo
Tinha a pureza estampada
Sobre o semblante do rosto
E embora moça direita
Muitos provaram seu gosto
E assim passava seus dias
Sempre de trás da cancela
Dando seu doce pra tantos
Sem deixar de ser donzela
E assim passava o aroma
Seduzindo em cor tão bela
Junto ao vivido vermelho
Nas bordas do corpo dela
Se espalhava pelo vento
Embalado em seus perfumes
Feitiço pra muitos tantos
Principiando o ciúmes
Lindeira, igual a tantas
Num viver dependurada
Esperando o moço certo
Que lhe colhesse adoçada
Já lhe quiseram impura
Com mistérios e artimanhas
Já foi motivo de amores
Afogada numa canha
E quando o inverno chegou
Seu rancho virou tapera
O doce se foi embora
Deixando o amargo da espera
E quem no inverno passou
E achou seu rancho tapera
Não se preocupe
A pitanga voltará na primavera