A Ponte

Reynaldo Cruz

Nós não somos iguais
As tábuas já não me sustentam mais, pois nada se sustenta em mim
Está tudo sempre se equilibrando, tudo sempre oscilando
Entre a permanência e o fim

As cordas já não me aguentam mais, não servem nem mais pra enforcar
O inimigo que você não move e apenas te observa
É só mais um a se equilibrar

Não me importa o seu tamanho, há sempre alguém muito maior
E quem deve ceder além da ponte?
Não me importa o seu rugido, há sempre um som que assusta mais
Alguém deve ceder nem que seja a ponte

Daqui de cima eu posso ver melhor o que você tem pra esconder
Querer distância de certos pontos pode te manter ileso
Mas não é isso que eu vou fazer

Não me importa a sua força, há sempre alguém capaz de mais
E quem deve ceder além da ponte?

Não me importa a violência que você tem a oferecer
Alguém deve ceder nem que seja a ponte!

E se o embate parece iminente é bom saber se defender
E se o abismo te observa o que você deve fazer?
Permanecendo inflexível ao invés de arrepender
Estipulando seus argumentos sem ter o que escolher
Nós não somos iguais

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