Na Palma da Mão (Enquanto Mateio)
O mundo gira enquanto mateio
Se reinventa a cada instante
É minha hora de parar rodeio
O meu olhar se faz distante
Além da fumaça que vela meus olhos e o meu pensamento
Além das porteiras das tantas fronteiras dos meus sentimentos
Além das palavras não ditas de toda poesia
Além das verdades cansadas do meu dia a dia
O mundo gira enquanto mateio
Agora vejo o que me cerca
A vida é mais do que um simples rodeio
Nessas paisagens descobertas
É o pulso que move meus passos buscando novos caminhos
É o jeito de ser por inteiro e o meio de não ser sozinho
É o que vai além do horizonte e além do silêncio
É o mundo na palma da mão onde me reconheço
É a mão estendida, o sal, a ferida, pastores, rebanhos
É o homem perdido buscando sentido nos seus desenganos
É um tempo de espera por novas bandeiras e falsos profetas
É a gente insistente que ainda acredita e que ainda contesta
É a semente no solo e o filho no colo, o brilho no olhar
É o homem na lua, um menino de rua, as pernas pro ar
É o sopro da vida, a bala perdida, a pedra e o tropeço
É a fuga de casa pra um voo sem asas e um novo começo
É a fome que impera, a dor que desterra, o sonho na estrada
Então a esperança nos ergue e nos lança na eterna jornada
O mundo gira enquanto mateio...
O mundo gira, gira gira, gira, gira...