Longe

[Intro]
Eu tô longe, tô longe de mim mesmo
Tô longe, tão longe de você
Distante, eu sei que não sou o mesmo
Demorei pra perceber que
Eu tô longe, tô longe de mim mesmo
Tô longe, tão longe de você
Distante, eu sei que não sou o mesmo
E se eu canto a esmo é porque eu sei

[Verso]
Que eu tô longe de querer ser perfeito
Tô perto de decidir meu fim
Distante de encarar a mim mesmo
E de esquecer você, que tá longe, tá longe de mim
E eu não sei por que você olha pra mim
Dizendo que eu sou o que não pareço
E, eu não sei o que fiz pra encerrar assim
Mas, no fundo eu acho que mereço

Pois te dei flores, e hoje me dou conta
De que se me der calor por essa vez, eu te esqueço
Por querer sonhos felizes eu comprei tuas cicatrizes
E tu me deste dores que não têm preço
Quanto custa largar o calor e se queimar?
Quanto custa o suor no lençol?
Vi meu anjo aborrecer e se matar
E me pergunto se esse é o preço por voar perto do sol

Me pergunto qual o aroma da cicuta
Me abdico da razão, eu só quero ter o que não é meu
Dói muito menos que um punhal no coração
Levo Mercúrio pro caixão e, finalmente, entendo Romeu
Mas não entendo Como a pomba deixada pra fora
Se machuca menos do que a que nunca voou
Eu deixo a lágrima pra trás
Te faço minha Colombina
Choro até não poder mais
E me faço Pierrot

Se tu me disser que sim, eu esqueço de Arlequim
Te dou tudo o que há em mim, te faço feliz
Você ainda é meu mundo, mas eu sei que no fundo
Acredito que você é uma péssima atriz
Eu tô longe, tô longe de mim mesmo
Tô longe, tão longe de você
Distante e bem menos imerso
É meu último verso, e você nem vai ler

Se me encontro submerso é porque nunca me amaste
Percebo que desconheço o amor eterno
É a última coisa que te peço
Me despeço de Florença e como Dante
Me fizeste ver o inferno
Tô longe, me afasto de mim mesmo
Me debulho em noites que nunca vou esquecer
Tive o mundo na palma das minhas mãos
Mas viver é ingratidão, e eu não quero mais te ter