Eterno Retorno (part. Luiz o Visitante, Eduh, Guga Morais e Coy Rap)

Visto minha melhor roupa
Calço os melhores sapatos
Sinto tremores na boca, ansioso
Compro flores no artesanato

Minhas dores por amores do passado
Acabou com meus louvores a donzela que encontrei
E os senhores que eu vejo abraçados no porta-retrato
Tem nossos traços nos rastros o futuro enxerguei

Agora são 17 horas, as escolas se esvaziam
Vejo todos irem embora, só não vejo minha guria
Passam horas, minha apavora, vou embora, frio e sério
O que faço nessa porta cinza de um cemitério?
Onde moro? Agora esqueço; pego um terço, faço reza
Não mereço esse preço, minha luz perdeu pra trevas
Enlouqueço; vejo uma placa com o nome da minha amada
Lembro por que trouxe flores de cores esbranquiçadas

Chove forte nessa cidade cinza
Sinto-me ensopado pelas lágrimas dos anjos
Aos poucos organizo as lembranças em minha mente
Lembro da sua ausência e isso me machuca tanto
Recordo-me do nosso grande dia
O santo matrimônio na Santa Igreja
Prometi amá-la, confortá-la, protege-la
Tantos planos foram feitos, prometi lhe dar o mundo
Uma casa, vida modesta e um casal de pequerruchos
E eu me encontro em frente de um antigo porta retrato
Me encontro aqui recolhendo os meus estilhaços
Me encontro aqui tentando me recompor
E compor versos de um amor antigo de um longínquo passado

Vejo o seu lado da cama vazio
O mesmo vazio que eu sinto na minha vida cotidiana
Parece que até aquilo que é colorido tá sombrio
Isso é o que um homem sente quando perde a mulher que ama
Enquanto eu escrevia isso nossa filha apareceu
E ela sorriu pra mim aquele sorriso idêntico ao seu
E eu, nem soube o que dizer pra ela
Ela me abraçou e disse: Papai, tá com saudade dela?
Sim, sinto muita saudade, sei que cê também sente
Mas sei que lá de cima ela tá olhando pra gente
Mas sei que aqui ela cumpriu seu papel
Me deu a filha mais linda e foi ser a mais linda no céu!
E mais um dia se passa, na cama eu me deito
Na minha mente um filme passa e esse filme é a seu respeito
E assim eu adormeço, mas eu nunca te esqueço
Eu pagaria pra te ter de volta, não importa o preço!

Me veio a negação, a raiva, a negociação
A depressão e conformado veio a aceitação
Mas não há um dia que passe despercebido
As lembranças daqueles melhores dias vivido
Agora é tocar a vida, pois ninguém vai se importar
O quanto eu me importo por você não aqui estar
Pois ninguém vai tomar minhas dores por toda vida
Escondo a tristeza atrás dessa persona todo dia
Estou sorrindo por fora e por dentro eu me afogo
Tipo Naufrago na ilha; eu me sinto tão sozinho
Eu me isolo, pois, tristeza tenho muito a partilhar
E ninguém tem a vê com a porra dos meus problemas
Você deixou umas coisas suas no criado-mudo
Eu guardo com tanto carinho, mas olho e me culpo
Eu sempre acho que eu poderia até evitar
O ruim de não crer no céu, é crer nunca mais te olhar

Porque eu me sinto culpado por eu não estar lá
E eu me sinto tão errado por falhas que cometi
Quando você estava aqui, então por isso perdi
A minha metade boa que em você construí
Socos no espelho e o sangue escorre pela pia
Reflexos de olhos vermelhos de uma alma em agonia
Me isolo nessa bolha e me sinto tão sozinho
Me afogo em tragos de Marlboro e goles de vinho
Abro a porta e vejo um caminho obscuro
Formando por rastros de sangue e um rio de lágrimas
No céu vejo um filme de nossas histórias, e isso é duro
Lembro do nosso fruto que é quem sofre mais
Acordo atordoado da ilusão em meios aos cacos
Quero fugir dessa prisão eterna e desse caos
Buscando te encontrar, a mesma arma usada
Pra apagar delinquentes, eu aponto pra minha mente

Visto minha melhor roupa
Calço os melhores sapatos
Sinto tremores na boca, ansioso
Compro flores no artesanato

Minhas dores por amores do passado
Acabou com meus louvores a donzela que encontrei
E os senhores que eu vejo abraçados no porta-retrato
Tem nossos traços nos rastros o futuro enxerguei

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