Oração do Sacerdote em uma Tarde de Domingo
""Oração do Sacerdote Numa Tarde de Domingo""
Essa tarde senhor estou sozinho, na igreja pouco a pouco os ruídos se calaram, foi se embora toda a gente.
Eu voltei para casa passo a passou sozinho, cruzei com gente que voltavam de um passeio, passei pelo cinema que vomitava uma pequena multidão vaguei ao longo dos terraços de café, onde cansados os passeadores tudo faziam para esticar um pouco mais alegria de viver um domingo de festa, esbarrei nos guris que jogavam bola na calçada. Os garotos senhor os filhos dos outros, que não serão nunca os meus.
E aqui estou senhor sozinho, o silêncio me dói a solidão me oprime. Senhor eu tenho um corpo feito como os outros corpos, braços para o trabalho, um coração reservado para o amor, mas tudo isto te dei, é verdade que de tudo precisavas, tudo te dei, mas é duro senhor é duro dar o próprio corpo, ele queria dar-se a outros, é duro amar toda gente e não possuir ninguém é duro apertar uma mão sem poder retê-la, é duro fazer que brote uma afeição, mas para dá-la a te, é duro nada ser para si mesmo a fim de ser tudo para eles, é duro ser como os outros, entre os outros e ser um outro, é duro dar sem cessar sem procurar receber, é duro ir ao encontro dos outros, sem que jamais alguém venha ao nosso encontro, é duro sofrer os pecados dos outros sem poder recusar, acolhe-los e carrega-los, é duro receber os segredos sem poder compartilha-los, é duro arrastar os outros sem cessar e nunca poder um instante se quer deixar se arrasta pelos outros, é duro sustentar os fracos sem poder apoiar-se sobre um forte, é duro estar sozinho, sozinho diante de todos, sozinho diante do mundo, sozinho diante do sofrimento do pecado da morte.
César Filho: Não está só meu filho estou contigo eu sou tu, eu precisava na verdade de uma humanidade a mais para continuar minha encarnação e minha redenção, desde toda eternidade eu te escolhi eu preciso de te.
Preciso de tuas mãos para continuar a abençoar,
Preciso de teus lábios, para continuar a falar,
Preciso de teu corpo para continuar a sofrer,
Preciso de teu coração para continuar a amar,
Preciso de te para continuar a salvar, fica comigo meu filho.
Senhor eis-me aqui, eis meu corpo, eis meu coração, eis minha alma, faz me bastante grande para atingir o mundo, bastante forte para carrega-lo, bastante puro para abraça-lo sem querer guarda-lo.
Fazer que eu seja um ponto de encontro, sim, mas ponto de passagem caminho que não prende para si próprio, porque nele não há nada de humano a encontrar nada que não conduza a te.
Está tarde senhor em que tudo em volta silencia dentro do meu coração sinto morder durante a solidão, enquanto o meu coração uiva longamente sua fome de prazer.
Enquanto a humanidade devora a minha alma, e eu me sinto impotente para sacia-la.
Enquanto sobre meus ombros, pesam o mundo inteiro com todo o seu peso de miséria e de pecado.
Eu te repito meu sim, não as gargalhadas.
Mas lentamente, lucidamente, humildemente, sozinho senhor, sob teu olhar na paz da tarde.