Atividade
Daqui de cima do morro eu vejo quem ta no “corre”
Nego suspeito se esconde, se entoca pra não trombar com os BOPE.
Nas guarita, os menor tá de cima, matraca na cinta,
No bolso pedra, erva ou farinha.
É desse jeito que os pivete se cria no gueto,
Adrenalina nas veias na sede de obter respeito.
De rua a rua o “giroflex” da “bura” assusta,
Flagrante moçado na quina pra não manchar a conduta.
Astucioso tem que ser, não perder os proceder,
Pois se “circuitar” nos esquemas não queira pagar pra ver.
Vem cá, me fala:
Quem é que vai te socorrer se os maluco te trombar despreparado
E botar pra correr? A quem vai recorrer? Quem vai olhar por você?
Amigos, mulheres, revolveres nada disso vai resolver.
De que adiantou confiar no oitão entupido de bala?
De que adiantou confiar na força terrena que falha?
Por que confiar na grana se ela não compra salvação,
Encerrem-se as atividades, antes que cesse o perdão.
Ponto indispensável nos corre? Dignidade!
O que ofusca os olhos do pobre? Necessidade!
Nas ruas da quebra norte, veracidade...
No que for, onde for sempre tem atividade.
Atividade pra viver, se cuidar pra não morrer,
Pra não ser mira dos canos que faz o alvo adormecer.
Vários manos, milianos sobre o engano de tantos
Ofuscaram e perderam o encanto, só sendo lembrado em cantos,
Melodias singelas, planeta terra em guerra esfarela.
Meus pêsames pra quem viveu conforme essa miséria que se alastra
E não tem breck, os maluco curte um back,
Som gangster TuPac, segurança click-cleck.
Maldade fede, ferve, cadáveres putrefados,
Ódio concretizado, preço pago,
Mandante testifica morte no jornal do estado.
Embaçado é viver onde não cultivam a vida,
Exterminam como se fosse um mosquito na comida.
Bola de neve cai, leva consigo os barracos,
No fim da enchente a favela contabiliza o estrago.
Muita estrada poucos passos, hospital lotado, descasos,
A dengue ganha espaço, favelado infectado.
Atividade, versatilidade no decorrer da caminhada
Onde os que não tem a paz esperam na porta de suas casas,
Ansiosos pela peste que se alastra com o vírus do amor,
Contradição, pois do mundo é só desgraça e horror.
Contribuintes nos palanques vários palpites,
Assessores contratados porta voz dos infelizes que prometem
E asseguram a paz, segurança, saúde, médico nos hospitais.
Atos banais, pois nas ruas corpos furados por pistolas,
Marionetes eu sei quem vos controla e manipula,
Nós não vemos mas Deus vê suas atitudes fajutas.