Xaile de Silêncio
Que xaile de silêncio nos deixaste
Que forma tão estranha de viver
Ó voz que ardes na sombra, espinho e haste
Lenço acenando em cada entardecer
Ao anjo português, branca tormenta
Que os Fados te embalou, rezaste o terço
E os barcos carregados de pimenta
Por ti se tornariam nosso berço
As mães em ti cantavam docemente
Doridas pela chama da amargura
E a urze dos pinhais nascia rente
À terra que lhes fora sepultura
Soubeste a cama estreita das varinas
A malga, o beijo, o sono das colheitas
O vulto dos amantes nas esquinas
O voo da gaivota mais perfeita
Que xaile de silêncio nos deixaste
Que forma tão estranha de viver
Ó voz que ardes na sombra, espinho e haste
Lenço acenando em cada entardecer