Das Coisas Que Doem

Daniela Silva

Já não há tanto que me doa agora
O que mudou agora é que me dou agora
A um consistente luxo do ar deitar fora
De me deitar sóbria e meditar sozinha
Sem medicar a crónica dor de ficar afónica e incapaz de fóbica
Fechar a porta da fábrica
Presa à encardida farda numa greve sinfónica
Não é de fome porque come e tá de novo pronta à vomitar
E eu explico à raiva que volta
Não ter razão de revolta só um passado que me molda
A ser aquela que mal dá o dedo e logo tira
Porque a mesa sempre vira então talvez eu prefira
Ser protagonista da vida, tirar da lista ser querida
Tendo em vista ser mina de um ouro que dá e dissemina
Reclamo o toque de midas e a emergência das saídas
Sinalizada pelas chagas que eu peço que não sigas

Tudo o que mói me mata
Se eu deixar
Tudo o que dói faz falta
P'ra lembrar
Tudo o que arde inflama
Se eu deixar
O que eu larguei só chama
P'ra lembrar

E eu fui contra-feita por isso vou contra o bando
Única afronta aceite ao rótulo sub-urbano
Sem actuar na cena sou eu que subo o pano
Para que alguém com mais jeito derrote o sub-humano
Cuja a causa e efeito é o culto ao defeito
De se achar com mais direito pelo herdar profano
Ignorando o preconceito e o raro deleite de a mal ser sujeito
E mesmo assim ser franco
Porque fica mal ser brando a quem se chama macho
E de que vale dar sangue a quem não dás o braço?
Um peso já não expresso em unidades de maços
Enquanto me impeço que a taça não estilhace
De cada vez que ainda zango por não ter sunquick ou tang
A celebrar no tempo o ocupar de mais espaço
Mas se há na sala elefante é o traço constante
De não saberes dar amor fosse este abundante ou escasso

Tudo o que mói me mata
Se eu deixar
Tudo o que dói faz falta
P'ra lembrar
Tudo o que arde inflama
Se eu deixar
O que eu larguei só chama
P'ra lembrar

Tem forma de coração a caixa de que ainda me queixo
E o buraco na torácica a que me afeiçoei
Desde então remendado: sei que ainda me fecho
Bem, é novidade depois d'aquilo qu'enxuguei
Voltar à sanidade que antes de ti
Só visitei e dar real significado à palavra companheiro
Do magnetismo nato, noto o compromisso
E sei amar-te inteiro e tornar tinteiro:
O que foi negro e feio e do que não fomenta ideias
Fazer lenha, fogueiras, ou fogo p'rás feiras
Num artifício de teias que afaste varejeiras
E os variados voadores à procura de veias
De volta pelo calor e a minha carne selei-a
Para não ser refeição quando me querem de ceia
Faço-vos reacção alérgica , visceral
É poético que a vossa saliva na minha pele se leia

Curiosità sulla canzone Das Coisas Que Doem di May

Chi ha composto la canzone “Das Coisas Que Doem” di di May?
La canzone “Das Coisas Que Doem” di di May è stata composta da Daniela Silva.

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