Insônia De Morcego

Lá vem o nosso compadre
Coitado do Mário Ingrizia
Trocando o dia por noite
Virando noite em dia
Pela hora do café
Quer fazer filosofia.
Cheio de papo cabeça
Na fila da padaria
De dia quer dar rolé
Na madruga, calmaria.


Dizem que pegou fobia no dia em que à noite tomou um sacode
Foi pegar um capilé
Fizeram-lhe barba cabelo e bigode
Acordou num cativeiro sentindo uma ardência, na periferia.
Desde esse dia, pois é!
Troca a noite pelo dia.


Lá vem...calmaria.


Contam que se trancafia com medo de lua e de bala perdida
Enquanto o Jô tá no ar
Só fala de trampo e de conta vencida.
Fez um relógio de ponto pra sessão coruja de carpintaria.
Na hora de se deitar
Troca a noite pelo dia.


Lá vem...calmaria.


Falam que toda alvorada o tal se perfuma com a cara amassada
Sai de manhã pra ralá
Como se ele fosse zoá na balada
Entra na repatição como se adentrasse uma danceteria.
Esse só quer se enganar!
Troca a noite pelo dia.


Lá vem...calmaria.


E corre a boca pequena que o morcego insone virou mariposa.
Se posa de Don Juan
Lá no cativeiro fez papel de esposa.
Naquele noite fatídica quando descobriu que tudo trocaria.
Acabou trocando até
Aquilo que não queria.

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