A Carta

Alvaro Socci / Claudio Matta

Estou escrevendo esta carta meio aos prantos
Ando meio pelos cantos pois não encontrei coragem
De encarar o teu olhar está fazendo algum tempo
Que uma coisa aqui por dentro despertou e é tão forte
Que não pude te contar

Quando você ler eu vou estar bem longe
Não me julgue tão covarde
Só não quis te ver chorar
Perdão amiga, são coisas que acontecem
Dê um beijo nos meninos
Pois eu não vou mais voltar

Como eu poderia dar a ela esta carta
Como eu vou deixar
Pra sempre aquela casa
Se eu já sou feliz
Se eu já tenho amor
Se eu já vivo em paz?
E por isso decidi
Que vou ficar com ela
A minha passagem, por favor, cancela
Vá sozinha não vou mais

Quando cheguei ao portão da minha casa
Como se eu tivesse asas
Me senti igual criança
Deu vontade de voar
Quase entrei pela janela
Minha esposa ali tão bela
Dei-lhe um forte e longo abraço
E comecei a chorar

E com as lágrimas as palavras vinham
E rolavam como pedras
E ela só a me escutar
Ao enxugar minhas lágrimas com beijos
Revelou que já sabia
Mas iria perdoar

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