Morte de Teatro
Teatro vazio. Em cena um actor
Que morre segundo as regras da sua arte
O punhal na nuca. O ardor retomado
Um último solo, para pedir os aplausos
E nem uma mão. Num camarim vazio
Como o teatro, um fato esquecido
A seda sussura o que o actor grita
A seda tinge-se de vermelho, o fato torna-se pesado
Com o sangue do actor que na morte se derrama
Sob o esplendor dos lustres, que faz empalidecer a cena
O fato esquecido bebe e esvazia as vеias
Do moribundo, que não se assemеlha mais do que a ele mesmo
Perdida a alegria e o terror da metamorfose
Seu sangue uma mancha de cor sem retorno