Me Chamo Mano Lima
Aqui, no más, me apresento, eu me chamo Mano Lima
Sou poeta de algumas rima' e um gaiteiro regular
Sou solteiro, não tenho par a não ser essa cordeona
Eu chamo de redomona porque não quis se amansar
Nasci no oco do mundo, nos pagos de Bororé
Rincão de sangue e de fé entre missões e fronteira
Batendo a chuculateira, saí de lá bem novito
Pra levar o mundo à grito na minha sina estradeira
Cumpri a sina de tantos, que, por trapaças do mundo
Trocaram os campos do fundo pelos bretes da cidade
Mas só me sinto a vontade c'o as perna' numa bombacha
Porque, assim, minh'alma guaxa nunca perde a identidade
Não sou melhor que ninguém, também não sou pior que os outro'
No lombo liso de um potro, sou um rei no seu reinado
Sou um prego enferrujado nos arreio' em que lido
Parece que fui parido nas crina' de um aporreado
E quando arreganho a gaita que me conhece os segredo'
Reponto a alma nos dedo' e ela conversa por mim
E, um dia, há de ser assim: Esta cordiona macota
Vai junto comigo pra toca quando chegar o meu fim