Vô-Q-Vô
(REFRÃo):
Eu vô-q-vô, eu tô-q-tô,
entre pastores e camelôs,
cafuzos, mamelucos, mansões e bangalôs,
Afro-sambas no metrô, faixa sete abalô - leleô, leleô.
Eu sou aquela lady,
que inevitavelmente você vai dar de frente
em qualquer rua do centro.
Sobrevivendo ao escremento de onde venho,
não me contento mas me viro com o que tenho.
Dou um trampo no engenho do meu próprio pensamento,
garantia de aumento, redenção e lamento.
Não sou de L.A, nem vou pagar de 5 Boro:
Chico, Racionais, Tom Jobim, Dj Malboro.
Não repito rima, idéia nem levada que nem loro,
não tenho patrocínio da firma Bago de Touro.
Gosto de som gringo de domingo a domingo,
mas a gente é mendigo, só por isso xingo.
Quer o mercado que eles têm? Bingo!
Ser Macaco-Brás, eu hem ?!?!!
Me vingo, cuspindo minhas palavras de ataque
- rebelde com causa, segura o baque.
(REFRÃO)
São Paulo, São Paulo,
é um inferno de cidade,
e eu sou produto de SP. Nascido na Liberdade,
não consigo aceitar qualquer tipo de grade,
gosto de fluir estilo onda que invade
uma pá de lugar ao mesmo tempo,
sem alarde alterar o ambiente a minha volta.
Apesar de tanta pedra no caminho, tanta dificuldade,
ainda teimo em trilhar a Avenida da Verdade.
Carros, cores, canções:
informações que colho, e coloco na cabeça:
via ouvido, nariz, olho,
montam o molho que volta no verso,
movido a expresso e esse é o processo.
Ao vivo da padoca ou da Mercearia,
poesia de rua é meu dia a dia.
E antes que alguém cite, é mais um som sobre a city,
por Mamelo Sound Sistem, sanidade no limite.
(REFRÃO)