Luz Negra
Olho
Enquanto os cães
Devoram
Meus restos, molestos
Encaro
Suas línguas varrendo
Ligeiras
A carne de meus ossos
Fluo
Meu sangue inda quente
Gota a gota
Encharcando o chão
Assisto
A dança intensa
Da disputa
Pelos meus destroços
Choro as mil mordidas de bestas vis
Sofro a morte rota de meus feitos
Ergo os braços aos céus em luta
Espero uma resposta que não vem
Berro, e o colosso me dá as costas
Cerro meus olhos, sua imagem se esvai
Luz negra
Luz negra
Luz negra
Luz negra
Conto
A multidão dos grãos
De poеira
Sob meus sapatos
Ouço
O lamento dos donos
De cеtros
Embriagados em poder
Canto
Suas infindas derrotas
Em Sol se pondo
A conta gotas
Rio
Enquanto buscam
Na correnteza
O brilho negro dessa luz
Espero as mil mordidas de bestas vis
Choro a morte rota de meus feitos
Sofro, os braços aos céus em luta
Ergo uma pergunta que não sai
Berro, e o colosso me dá as costas
Cerro meus olhos, sua imagem se esvai
Luz negra
Luz negra
Luz negra
Luz negra
Nada ao redor permanece
Desço cansado de meu pedestal
Ignoro o inscrito, ignoro a ruína
As areias planas, testemunhas
Silenciosas do meu pranto
Meço a imensidão sob meus pés