Reexistir
Mais um dia nesse mundo delirante
Ai meu Deus não sei mais o que é dor
Do meu lado uma criança varada de fome
Com o olhar habituado e conformada com o terror
Dias de Glória só pros boy ali da Glória
Que tudo já tem na mão e até anel de doutor
E na memória desse menor da história
O dedo desse playboy que pela tua cor te apontou
Vida de mazela
Trabalhando até nas férias
Com manto escrito: "Alma Vendida"
Que o Governo mesmo tece
Desculpa a voz embaraçada de fumaça
É que teu privilégio eu fumei
E agora eu só consumo Charas
Uma bala perdida
Achou uma criança
Atravessando o céu
Essa foi sua última lembrança
Mais uma mãe caída
Não tem mais sua criança
De quem é essa culpa?
Por que de tanta matança?
Não tem mais como viver
Aqui é sobre resistir
Realidade sangra na tua cara
E o Estado mostra não tá nem aí
Não tem mais como viver
Aqui é sobre resistir
Realidade sangra na tua cara
Mas eu tô no corre e eu não vou desistir
E no caminho o frio assombra
A fome me assusta
Mas nada me abala
Pois a fé que ganha a luta
Nos boxes da rua
No fio da navalha
Identidade Preta
É a mais pura e cara
O rap me salvou
Pode crer
Volta no refrão
Pra geral se envolver
Cola na nossa
Que é isso que importa
O som do futuro
É o nosso que toca
Não tem mais como viver
Aqui é sobre resistir
Realidade sangra na tua cara
E o Estado mostra não tá nem aí
Não tem mais como viver
Aqui é sobre resistir
Realidade sangra na tua cara
Mas eu tô no corre e eu não vou desistir