Tordilho Negro

Vitor Mateus Teixeira Teixeirinha

Correu notícia de um gaúcho lá na estância do Paredão
Tinha um cavalo Tordilho Negro, foi mal domado ficou redomão
Esse gaúcho dono do pingo desafiava qualquer peão
Dava o tordilho negro de presente para quem montasse sem cair no chão
Eu fui criado na lida do campo, não acredito em assombração
Fui na estância topar o desafio, correu boato na população

Era um domingo clareava o dia, puxei o pingo e o povo reuniu
Joguei os trastes no lombo do taura, murchou a orelha tive um arrepio
Botei a ponta da bota no estribo, algum gaiato por perto sorriu
Ainda disseram comigo eram oito que boleou a perna montou e caiu
Saltei no lombo e gritei pro povo: Este será o último desafio
Tordilho Negro berrava na espora, por vinte horas ninguém mais nos viu

Mais de uma légua o pingo corcoveou, manchou de sangue a espora prateada
Anoiteceu o povo pelo campo, procurando o morto pela invernada
Compraram vela, fizeram caixão, a minha alma estava encomendada
À meia-noite mais de mil pessoas deixaram da busca desacorçoadas
Dali a pouco ouviram o tropel, olharam o campo noite enluarada
Eu vinha vindo no Tordilho Negro, feliz saboreando uma marcha troteada

Boleei a perna na frente do povo, deixei a rédea arrastar no capim
Banhado em suor o Tordilho Negro ficou pastando ao redor de mim
Tinha uma prenda no meio do povo, muito gaúcha eu falei assim
Venha provar a marcha do tordilho, faça o favor monte no selim
Andou no pingo mais de meia hora, deu-me uma rosa lá do seu jardim
Levei pra casa o meu Tordilho Negro, é mais uma história que chegou ao fim

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