Os dígitos
Os dígitos vermelhos do rádio-relógio
Ainda marcam a hora exata em que você saiu da minnha vida
A chuva fria, o automóvel, o olhar de falsa loura
O adeus como um bombom de goma arábica na boca
Ter de sair assim do seu caminho
Ter de agora virar "amiguinho"
Você não sabe eu estou tão sozinho
Os olhos vermelhos de assistir TV
Na madrugada em que você saiu da minha vida
O vídeo, o telefone, o faz, o diempax, a pizza gelada
A janela escancarada respingando céu na roupa
Olhando asfalto como se fosse praia
Conversando com as samambaias
(elas entendem os de minha laia)
Ter de sair assim do seu caminho
Ter de agora virar "amiguinho"
Você não sabe eu estou tão sozinho
Tudo ficou tão quieto
Os gatos do vizinho, as goteiras do teto
Tudo ficou tão chato
Que eu já não sei, que eu já não sei
Tudo ficou tão chato
Banho de porta aberta, deitar na cama de sapatos
Tudo ficou tão quieto, tudo ficou tão quieto
Tudo ficou tão chato
O mundo agora está tão absurdo
Desabafei com um criado-mudo
(ele concorda comigo em quase tudo)
Ter de sair assim do seu caminho
Ter de agora virar "amiguinho"
Você não sabe eu estou tão sozinho
Tudo ficou tão quieto
Os gatos do vizinho, as goteiras do teto
Tudo ficou tão chato
Que eu já não sei, que eu já não sei
Tudo ficou tão chato
Banho de porta aberta, deitar na cama de sapatos
Tudo ficou tão quieto, tudo ficou tão quieto
Tudo ficou tão chato