Lisboa à Noite
Lisboa adormeceu, já se acenderam
Mil velas, nos altares das colinas
Guitarras pouco a pouco emudeceram
Cerraram-se as janelas pequeninas
Lisboa dorme um sono repousado
Nos braços voluptuosos do seu Tejo
Cobriu-a a colcha azul do céu estrelado
E a brisa veio a medo, dar-lhe um beijo
Lisboa
Andou de lado em lado
Foi ver uma toirada
Depois bailou, bebeu
Lisboa
Ouviu cantar o fado
Rompia a madrugada
Quando ela adormeceu
Lisboa não parou a noite inteira
Boémia, estouvada, mas bairrista
Foi à sardinha assada lá na feira
E à segunda sessão duma revista
Dali, p'ro Bairro Alto, enfim galgou
No céu, a Lua cheia refulgia
Ouviu cantar o fado, e então sonhou
Que era a saudade aquela voz que ouvia