Filha de Ninguém
Junto ao bercinho do menino agonizando
Aquela freira sentia grande dor
Reconheceu que aquele era seu filhinho
Fruto de um erro que restou de um grande amor
Há muitos anos foi expulsa pelos pais
Que sem piedade lhe tomaram o filho seu
Em seu desterro num convento se exilou
Chorando sempre o filhinho que perdeu
Depois de freira trabalhando no hospital
Agonizando o menino ali chegou
Por um sinal em sua mão reconheceu
Que era filho que tão longe ela deixou
Banhando em pranto o rostinho do menino
Disse baixinho em seu ouvido.: “filho meu,
Sou sua mãe, beija-me filho de minh’alma
E neste abraço o menino faleceu
No outro dia da janela do hospital
Ela olhava até sumir lá no estradão
O caixãozinho que levava seu filhinho
Junto também levou seu triste coração
No campo santo quando a terra lhe cobriu
Ninguém podia imaginar que ali também
Foi sepultado o coração daquela freira
Que era mãe daquele filho de ninguém.