Dos Andes Ao Altiplano
Declamado
Um condor suspenso no céu
Assas abertas um aeroplano
É igual um Deus a lado
Na paisagem do altiplano
Para o índio os andes em poesia austral
É a coluna do mundo branca e vertebral
E uma chola linda flor polar que amarra
Lembra a graça andina de violeta parra
Araucanos e aimarás, quíchuas em pobres barracos
Vagam sós pelas quebradas com vicuñas e guanacos
Na chozas um taquirari com magia rara
Vai tecendo por inteiro o martírio de victor jará
No sol três lobos marinhos estendidos num sono breve
Três pontos de reticência sobre a brancura da neve.
Da garganta das montanhas
Como um canto chão profundo
Se houve o rugir do vento branco
Pelos ermos deste mundo
Alem do frio e da neve
E de toda aridez glacial
O índio carrega a cruz
Do velho puma ancestral
A voz vulcânica das cordilheiras
Anda em vales escarpados
E a tristeza de um jaravi
Paira nos cumes nevados
Pablo neruda, pablo neruda
O sol transmuda no aconcagua
E um índio triste, quena e lamento
Solta no vento a tua mágoa
Pablo neruda, pablo neruda
O sol transmuda no aconcagua
E um índio triste, quena e lamento
Solta no vento a tua mágoa
Um misto de gaucho e llanero
De barba blanca e melena
Vem num mouro cola curta
Aperado a moda chilena
Os homens do cobre
Junto a pampa do salitre
Estão enterrados vivos
Sem proteção nem palpite
Por isso que o pão amargo
Da mesa humilde do mineiro
Tem o gosto do suor salgado
Do destino salitreiro