Trem da Querência
Cadê aquele trem
Da nossa gente campeira
Que passava nesse pago
E nos levava pra fronteira
Cruzava matas e rios
Serra, Planalto e Missões
Carregando o meu Rio Grande
Naqueles grandes vagões
E assim o trem se ia
No seu tranquito no más
Fumegando trilha afora
Deixando nuvens pra trás
Apitava forte e grosso
Despertando os pirilampos
Tal qual um touro berrando
Na imensidão desses campos
Tal qual um touro berrando
Na imensidão desses campos
Que viagem buena de sonhos
Carregada de emoção
Onde a saudade acenando
Ficava em cada estação
Vamos depressa, meu bem
Que lá vem o trem da linha
Eu ainda lembro bem
Foi no banco desse trem
Que tu prometeu ser minha
Dê-lhe fogo, seu foguista
Faça esse trem bufar
De manhã em Uruguaiana
A gente tem que chegar
De manhã em Uruguaiana
A gente tem que chegar
Com o era bom viajar
No saudoso trem da linha
Era um transporte sem luxo
Mas de tudo ali se tinha
Jornal, revista, baralho
Prosa alegre e mate quente
E o vagão do restaurante
Servindo bois pra gente
No coração do Rio Grande
Central de Santa Maria
Quando o trem chegava ali
Quanta festa se fazia!
Logo após a baldeação
Já se ouvia do som do sino
Era o trem pronto de novo
Pra seguir o seu destino
Era o trem pronto de novo
Pra seguir o seu destino
Eu não sei se foi ganância
Ou o tropeço da ciência
Que colocou em desuso
O nosso trem da querência
Que colocou em desuso
O nosso trem da querência