As Mil E Uma Aldeias
Pra Madagascar
Vou rumar
No sertão do Ceará
Vou passar
Eu levo um mundo
Sem fundo, repleto
De enredos, estradas
Pra gente explorar
Cafarnaum
Jericó, Jequié
Diga pra Nazaré
Que eu não tardo em chegar
Lá em Bagdá
Vou morar
E se Alá me acostumar
Vou ficar
Eu ouço os ventos
Alísios que sopram
As vozes dos mouros
A me sussurrar
E trago a cobra
Do cesto pra perto
Pra ver se ela sobe
Me ouvindo sambar, sambar
Sou navegador
Sou de meu tempo capitão, eu sou
Não preciso mais do mar
Tenho meu motor
Ligado aonde quer que eu vá
Vou sem sair do meu lugar
Estar aqui, viver aqui
Que mais isso dirá?
Sou de um país
Chamado qualquer lugar
Ofertai obi
Diamba vai
Me seduzir
Alcácer-quibir
Ifé obá
Sonhei assim
Ventres, dunas de areia
Carnaval na poeira
Sob as constelações
Simbá vem dizer
Que a terra é o mar
Ô, que sopre pra mim
Qualquer direção
Que eu topo embarcar
(Fui)
Numa vida anterior fui um xeique opulento
E nobre, tinha damas e safiras a contento
Lá, Sherazade me abrandava a noite escura
Com mil e uma doses de ternura
Vinde a mim, ó poderoso vento
Que sopra a vida de um outro momento
Já posso ver, nessa ardente loucura
As areias na terra, as estrelas na altura
Sou navegador
Sou de meu tempo capitão, eu sou
Não preciso mais do mar