Velho Valente
Ora, veja seu Zé Gomes
Morador lá das Três Ilhas
Quem tem bom procedimento
Às vezes acontece e varia
Ele sendo homem direito
E de muita garantia
Induziu sua cunhada
Pra mudar lá pra Bahia
A polícia deu de cima
Levando a fotografia
Foram presos em Avaré
Na porta do Café Fria
E trouxeram prá Ourinhos
Recolheram na enxovia
Foram interrogar a moça
Só prá ver o que ela dizia
Ela disse que o Zé Gomes
Até aqui honrou o seu nome
Eu quero que soltem o homem
Eu fugi porque eu queria
Mandaram chamar o velho
Só prá ver o que ele dizia
A polícia levou uma carta
Do doutor é quem escrevia
Veio a dona Vitalina
Junto com o seu Jeremias
Esperaram lá no Fórum
Na alta categoria
Perguntaram prá mocinha
Que idade ela trazia
Ela foi e respondeu
Vinte e um anos e alguns dias
A velha disse que não
O doutor não consentia
Foi um bafafá danado
Mãe e filha discutia
O baiano entusiasmado
Ali perto do delegado
Não justou advogado
A morena defendia
Foram tomando providências
Conforme a Lei prometia
O baiano tinha dinheiro
Notas de grande valia
Pegou na mão da mocinha
E foram prá delegacia
Prá fazer o casamento
Porque o velho não queria
Falou baixinho no ouvido
Do doutor Cintra Garcia
O doutor disse que sim
Vou mostrar minha teoria
O velho perdeu a fala
Sua barba até tremia
Dava tiro sem saber
Prá que lado a bala ia
Foi uma guerra arrojada
Rebentou tanta granada
Na sarjeta e na calçada
Era sangue que corria
A moça pediu perdão, ai ai ai
Ele falou que não podia, ai ai
Pois foi eu quem te criei
Você sabe minha filha
Você também já conhece
Sabe das minhas manias
Sou que nem o sete ouro
Só corro se for espadilha
Meu revolver não respeita
Quem tiver na pontaria
Eu já matei um malvado
E ainda não fiz o que eu devia
Você também não me escapa
Que me pois nesta anarquia
Eu quero matar sua mãe
Prá não sofrer da nervagia
A velha virou sorvete
Escondeu na sorveteria
Por causa deste bandido
Hoje eu sou um velho perdido
Pois eu dou um tiro no ouvido
E morre o resto da família