Tapera Caída

Vasculhando rastros na memória
Refiz a história por onde passei
Veio atona a simplicidade da comunidade onde me criei
Nossa casa feita de madeira, estende aroeira a beira da lagoa
A pinguela que a gente usava, quando água baixava empraiava canoa

Os caminhos que a gente seguia raramente via um carro transitar
A gente até se emocionava quando escutava um avião zuar
A roça tocada na meia era dividida com nosso patrão
Não se usava tecnologia
Plantava e colhia com a força da mão

Do paiol ao lado do chiqueiro se via um mangueiro e muita criação
No pomar tinha variedade, frutas a vontade e um engenho bão
A pequena orta produzia verdura sadia que dava prazer
No curral o leite era tirado, limpo e aciado pronto pra beber

Mas na vida nada é permanente
E por isso a gente deve aproveitar
Não prevemos o nosso amanhã, os rumos que o destino pode nos levar
Hoje olho e me vejo no espelho
Meus olhos vermelhos da poluição
Na fazenda Tapera Caída igual minha vida longe do sertão

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