Várias Vidas
Niggas matam, assaltam, fazem carros
Pairam tudo no bairro
Circulam alucinados
Cap da Nike, Yah
Shot, Knife, Bravo
Dá para parvo, matam passo a passo, evitando a PSP
Cruzam a rua, bebem, fumam pula, até doer
Desaparecem na noite antes da policia aparecer
São poucos os que pensam no futuro que irão ter
Putos de um bairro, onde ninguém quer viver
Jovens que abandonam a escola muito cedo
Não é fácil ser doutor quando os pais assinam com o dedo
Eu carrego, e rimo a frustração de um negro
Nascido, criado, no Ghetto
Pais analfabetos, desde pequeno tu percebes
que uma casa e um emprego
Não estão no dicionário deste preto
Sem o apoio da família, não há cabeça que resista
Mais tarde ou mais cedo o puto perde-se de vista
Despista a policia, arrisca a vida por uma nota de mil
Um tirante dum cachucho, um casado com uma Bill
Passado várias noites no governo civil
nasce mais um delinquente juvenil
A tua mente só é livre se encontrares a tua paz
Acredita G, eu continuo a procurar
Tu podes ter o mundo na tua mão e girar
Mas nunca, nunca serás feliz rapaz
Ainda ontem tu pensavas "Eu sou o homem aranha"
Roubas, matas, paias, ninguém te apanha
Muitos niggas levam a life do crime na brincadeira
Até o dia que o homem aranha cai na maior teia na cadeia
À espera da visita de um amigo
Teu amigo ficou no bairro a fumar bula comigo
A tua dama, mulheres não vivem sem cama
Esquece essa cabra, pede uma revista emprestada
Mas nada apaga, a tua solidão
Nada paga, a liberdade de um irmão
A humilhação, da gente abandonada
A frustração, de não poderes fazer nada
Prometes a ti mesmo, vou mudar quando sair
Agarrado ao terço, para o pombo não cair
A roer dias, meses e anos até a porta se abrir
Mas não acaba G
As portas cá de fora continuam fechadas
É o passado, é o cadastro, estampado na nossa cara
Procuras o emprego, nem do balcão passas
Arrasta-te negro, eles cortaram-te as asas
Ajuda a tua mãe, ela 'tá velha e cansada
Não deixes os teus irmãos seguirem as tuas pisadas
Não culpe os teus amigos pela tua desgraça
Nem contes com o teu pai, os bêbados não valem nada
Vida na obra é dura, o corpo não aguenta mais
A bruxa chora todo o brotha que cai
A esperança vai, a raiva que volta
Coração cria ódio, e a cabeça se revolta
A estupidez, voltar a rua, talvez
Embriaguez, 0% de lucidez
Só vivendo três vezes, tu irias perceber
O que leva o homem voltar ao crime outra vez
A tua mente só é livre se encontrares a tua paz
Acredita G, eu continuo a procurar
Tu podes ter o mundo na tua mão e girar
Mas nunca, nunca serás feliz rapaz
Quando conheceste a tua dama, lembraste de como ela era?
Cara de criança, corpo de boneca
Passado dois anos contigo olha para ela
Desesperada, magra, feia, amargurada
A fazer horas na limpeza para por dinheiro em casa
Porque o teu não paga, nem a luz e a água
O filho nos braços, sem leite nem fraldas
E tu rebentas o salário, em bebedeiras e noitadas
Eu espero nigga, que nunca apareça um homem no teu caminho
Alguém que tenha mais cabeça, mais juízo
Quando tu parares de pensar só no teu umbigo
O dread já te levou, a tua mulher e o teu filho
Quando eles forem embora, qual será a tua desculpa?
Bebe mais um copo diz que a dama era uma puta
Vida continua, cabeça tá confusa
Aprendemos com os erros, bebemos, mas não esquecemos
Olha para trás, vê aquilo que perdemos
As coisas que não fizemos
Vi meus brothers a bazar, um por um
Aqueles que morreram, aqueles que foram de Kuzo
Aqueles que lutam pela vida lá fora com o olho do cu
Mente, fugindo da praga ou de algum julgamento
A vida é dura, mas não dura
Deus livre, os meus brothers das drogas, das ruas
À algo dentro de nós que nos perturba e destrói
Ver os teus boys a bazar, é uma coisa que doí
A gente não esquece, aquele nigga que foi
Tu podes ir, mas 'tás aqui boy
A tua mente só é livre se encontrares a tua paz
Acredita G, eu continuo a procurar
Tu podes ter o mundo na tua mão e girar
Mas nunca, nunca serás feliz rapaz