Na Vida Por Sorte
Depois pronto o alambrado
Feito aparte do gado
Todos os cavalos domados
O pingo encilhado
Dura lida de um peão
Deserdado sem norte
Que na vida por sorte
Acostumou-se ao patrão
Esquilado o rebanho
Dia no punho ganho
Madrugadas molhado
Gado preso atolado
Sou cria da ventania
Manunciador de invernada
Por aqui é dura a lida
Sem ter tempo nem pousada
Adintão patrão pergunto
-Por que tanto tenho nada?
Sem ter o próprio cavalo
Sem meu rancho, sem morada
Dura lida de um peão
Deserdado sem norte
Que na vida por sorte
Acostumou-se ao patrão
Junta de boi no arado
Chapéu velho surrado
Na guaiaca um trocado
Pro paieiro enrolado
Carreteadas, tropeadas
Vento e tropa estourada
Sem futuro ou passado
De viver calejado