Vagabundo II
Acordei antes do sol
E liguei pro vagabundo
Meio tonto, meio tudo
Meio-a-meio por inteiro
Disse a ele o que devia
O que queria, o que me havia
O que passava na cabeça
Deste preto do avesso
Eu era a ginga total
Era a mulata fatal
Eu era o homem sem o queixo
Era o lindo pão de açúcar
Era os arcos da lapa
E as escolas suntuosas
Explodindo a avenida
De alegria
Num dia lindo e cinzento
Usava a minha capa bacana em sua copacabana
E num dia claro de sol
Vestia a sunga colorida num dos parques da curita aflita
Eu era o avesso do mar
Era um deserto cheio de vida
Onde havia o mundo inteiro
Mas também muito espaço
Pra quem o mundo nem sabia que existia
Eu era um poço, um desgosto
Mas de qualquer maneira
Eu não tinha fundo
Apenas eu queria que o querer do vagabundo
Se juntasse ao meu
Pra que tudo o que sonhamos
Fosse um dia o dia-a-dia de todo mundo
E desse sonho total
Eu tava quase acordando
Mais ainda tinha muito o que dizer pro vagabundo
A vida é quase real
E o que seria ou não seria
Se não fossem nossos sonhos, nossos medos, nossas dores?
Mas o tempo não para
A estrada não fecha
A longa caminhada não termina no meu sonho
Eu era apenas um homem
Um louco, quase pouco
Um viajante carregando muito peso
Nos ombros