Fúria do Tempo
O dia fechou depressa, tá relampeando cruzado
Sinto que o céu vem abaixo, troveja em tudo que é lado
Um redemunho de vento bailando num descampado
O macegal se ajoelhando e o berro triste do gado
Patrão que criou este mundo, cuida dos meus e de mim
Não deixa o vento levar meu ranchinho de capim
Patrão que criou este mundo, cuida dos meus e de mim
Não deixa o vento levar meu ranchinho de capim
Lá num cantinho do rancho, num altar improvisado
Com rosário entre os dedos, reza um piazito assustado
Lá fora, tudo já era, a tempestade varreu
Sobre o clarão de uma vela, sigo falando com Deus
Patrão que criou este mundo, cuida dos meus e de mim
Não deixa o vento levar meu ranchinho de capim
Patrão que criou este mundo, cuida dos meus e de mim
Não deixa o vento levar meu ranchinho de capim
Junto com o vento, vem chuva, e a chuva traz calmaria
E o mesmo vento que assusta, leva a noite e traz o dia
Fico analisando o tempo e, por momentos, me arrepia
Selvagem, bagual, robusto, me assusta tua rebeldia
Patrão que criou este mundo, cuida dos meus e de mim
Não deixa o vento levar meu ranchinho de capim
Patrão que criou este mundo, cuida dos meus e de mim
Não deixa o vento levar meu ranchinho de capim