Ignorância e Cultura
Hoje o Brasil é rico de estudo
Mas já foi pobre pela minha infância
Aquele tempo só apreciavam
Os que apelavam para a ignorância
Eu roí junto esse mesmo osso
Falo e não nego que eu sou muito franco
Até as moças escolhia o moço
Que brigasse à bala ou a ferro branco
Era rapaziada, e o índio tinha que
Abrir talho de capim guaíca
Rapadura dentro pra ficar simpático pras meninas
Ganhando a briga ficava famoso
E de importância pra uma rapariga
Morria velho, solteiro e nervoso
Se fosse medroso pra entrar na briga
Naquele tempo era lei do meu pago
Como um ordeiro eu obedecia
Não tinha instinto de matar ninguém
Mas batia bem quando aparecia
É, e se não batesse eles batiam né
Num certo baile tocavam sanfona
E eu dedilhava no meu violão
Pisquei o olho pr’uma certa dona
E ali no mais deu-se a confusão
O dono dela andava por ali
E a muito tempo vinha desconfiado
Me gritou logo a branca vai pra ti
E já me trouxe meio atropelado
Tivemo sorte que puxemo junto
A nossas adaga velha da cintura
Apartaro a briga, os nossos bons amigo
Mais eu levei comigo aquela criatura
Eu até hoje para um tiro alvo
Eu me garanto no cabo do bérro
Jogando as vida saio são e salvo
Puxo o pinguel e já sei que não erro
Porém eu peço pra Deus me ajudar
Pra eu não puxar nunca do gatilho
Pra não dar luto a uma mãe querida
Que eu tirasse a vida do seu rico filho
A valentia é um orgulho
Vamo encerrá na paz de Deus, rapaziada