Mágoa de Carreiro
Do meu tempo de carreiro
Só resta recordação
Da minha velha querência
Meu berço de criação
Quando eu chegava cedinho
Coberto de cerração
Eu descia as invernada
Conversando com a boiada
Que trazia no galpão
Eu carregava meu carro
Minha vara de ferrão
Pra sentar no cabeçalho
Ajeitava o meu facão
No rangir dos tamboeiros
E no gemer dos cocão
Eu gritava com a boiada
Pantaneiro e Madrugada
Orgulho do meu patrão
Um dia chegou a notícia
Que feriu meu coração
A boiada foi vendida
Carreiro ficou na mão
No maço de chifradeira
Dei um nó por gratidão
Saí que nem passarinho
Quando voa e deixa o ninho
Lá no alto do espigão
Agora quando eu escuto
O ronco de um caminhão
Roncando pelas estradas
Engrandecendo a nação
Quando eu vejo um onze onze
Carregado de algodão
Saudades mora comigo
O progresso, meus amigos
Levou minha profissão